"ANGÚSTIA
Tortura do pensar! Triste lamento!
Quem nos dera calar a tua voz!
Quem nos dera cá dentro, muito a sós,
Estrangular a hidra num momento!
E não se quer pensar! ... e o pensamento
Sempre a morder-nos bem, dentro de nós ...
Querer apagar no céu – ó sonho atroz! –
O brilho duma estrela, com o vento! ...
E não se apaga, não ... nada se apaga!
Vem sempre rastejando como a vaga ...
Vem sempre perguntando: “O que te resta? ...”
Ah! não ser mais que o vago, o infinito!
Ser pedaço de gelo, ser granito,
Ser rugido de tigre na floresta!"
(eta nome!)
27 de fevereiro de 2010
6 de fevereiro de 2010
Depois de amanhã
Parece que amanhã não acaba....
é um murmurio.. um tipo de esperança que se perde...
um desespero que finda quando se sabe que não...
não é nada disso..
amanhã...
mas parece, parece que amanhã não acaba...
afinal amanhã não chega...
e se não chega é que não é... não há... amanhã...
mesmo a idéia é vaga...
se quebra no primeiro montículo de palavras...
a manhã não pára e se transforma em tarde...
amanhã já é tarde depois do meio-dia..
e a manhã o que vem.. depois da noite...
e o tempo é tonto no meio disso tudo..
sem pretexto ele segue, mudo
e só existe se agnt fala...
o que vem depois de amanhã?
e quem seria quem se amanhã o tempo teima e não vem?
Escrevimagem
quemagem não diz nada... nem nada nem...
a margem de antes na imagem de agora.. e o que fica.. no meio... do nada...
escrever criar imagens.. de pedaços de palavras.. pedaços de pessoas... pedaços de histórias, contadas
quem diz que amaré não está pra peixe....
antes a imagem pedaço de que não se sabe qual que fica marcado não se sabe onde aparece de novo....
a metonimia corre e já distante volta a cabeça mas não o tronco... não dá troco.. só troca... de lugar... assim direto
o que não é imagem?
3 de fevereiro de 2010
Mínimo
Tenho pensado um pouco nisso... a imagem na tela que não é rosto... tlvz resto; do que não se sabe...
Rothko queria uma grande obra.. ele faria um interior inteiro (não que isso seja possivel) de um prédio ou igreja e o que ele pintava em cada quadro, dizia ele, era esse interior, esse interior sem portas ou janelas...
é um sufoco mesmo... a reprodução dessas obras.. tlvz seja um atentado necessário... mas ainda assim atentado... nada de pudor...
mas parece que há uma minúcia do olhar.. qndo a gente sabe que ele não toca e não pode ser tocado... e uma minúcia que é quase toque... e que parece que se perde... pq na imagem não há som a não ser o que reverbera em nós... há um grande murmurio de que estariamos nos tornando uma sociedade da imagem.. um certo pavor e um certo fascinio rondam por aí... atropelando esquinas... eu não iria tão longe.. que as imagens ainda falam... qndo elas forem mudas.. bem.. aí o interior de Rothko não será mais imagem...
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